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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

São Sebastião de Parelhas


Para Adilson Conserva


Tirei o último fim de semana para rever uma região muito interessante e que me traz muitas lembranças. Fui ao Seridó do Rio Grande do Norte visitar o município de Parelhas. A oportunidade escolhida foi festiva pois a cidade realiza uma animada e famosa festa de padroeiro que costuma durar dez dias, são os festejos em homenagem a São Sebastião (19/jan), cultuado lá desde 1856 quando foi construída uma capela em agradecimento ao fim da epidemia de cólera morbus, doença que assolou as primeiras famílias que ocuparam aquelas terras, dizimando muitas almas.


Início de tarde de sexta, o sol flamejante chegava a ofuscar o caminho. Saindo de Campina Grande, a Lagoa de Dentro e São José da Mata se faziam pacatas; melhor se esconder à sombra, foi a saída dos moradores... Os 704m de altitude do ponto mais alto da BR 230, logo ali depois do aeroclube de Campina Grande, descortinava uma paisagem fulgurante. O sol era tão supremo que as serras que perfaziam o horizonte da boca do Cariri, sempre em tons azulados, quase não nos davam o ar da graça, ocultadas por brilho intenso. Verão bravo, escaldante!


Com o sol caindo, saí de Junco do Seridó rumo a Equador-RN, onde as torres de energia eólica ponteavam o cume do Planalto da Borborema que ali estava, à esquerda da rodovia RN 086, emoldurando o horizonte. Após Equador, não há como não se deslumbrar com os penhascos do Planalto formando a calha para o imenso Rio Seridó, aquele mesmo que nasce pequenino na Serra do Alagamar, em Cubati-PB, e ganha corpo a ponto de se tornar um dos mais majestosos rios desta porção setentrional nordestina. Passamos por inúmeras pontes, passagens de riachos tributários do grande rio. Para se ter ideia da descida, do Junco do Seridó (610m de altitude) mergulhamos para 280m de altitude, já no seio do vale do Seridó, numa descida rápida, grandiosa e cheia de beleza, de modo que os tímpanos sentem e ouvimos aquele estalinho no ouvido. Para apreciar tudo aquilo tem que se andar devagar e parar em alguns pontos, em um deles é possível observar o serpentear da rodovia entre as montanhas e o fundo do vale se estendendo onde a vista alcança, compondo uma bela pintura da natureza.


Nesta borda do Planalto está o belíssimo Boqueirão de Parelhas, em suas fraldas temos o terceiro maior açude do RN, o açude do Boqueirão, barramento do Rio Seridó. O lugar é marco da colonização da região, a fundação da Fazenda Boqueirão dá início ao povoamento. Foi nela que construíram a capela em devoção ao São Sebastião de onde, atualmente, parte uma procissão com uma primitiva imagem do santo até a igreja Matriz, momento de abertura das festividades, isso no dia 10 de janeiro. Acompanhado desse rito temos as tradicionais novenas, jantares de confraternização e um pavilhão no centro da cidade com festejos até o dia 20.


Testemunhei o desenrolar dos primeiros dias de festa, na noite da sexta os parques de diversão, pavilhão, palco para atrações musicais estavam envoltos de uma energia que contagiava os moradores e os turistas. Sim! Era possível ver muitos veículos com placas de diversas cidades de Pernambuco ao Ceará. Com forte tradição de caminhoneiros, Parelhas possui a Associação de Caminhoneiros de Parelhas, a Acampar, hoje detendo um dos maiores clubes recreativos do estado. É lá onde são realizadas as festas fechadas com atrações musicais regionais e nacionais. É festança até amanhecer o dia!


Acompanhei uma cavalgada, ela sai do Boqueirão e percorre a cidade. Evento muito prestigiado por vaqueiros e criadores da região. A população toma conta das calçadas para ver aquele desfile de centenas de equinos enfeitados ou simplesmente selados. Vi um vaqueiro de gibão que não tinha mais que quinze anos e também muita gente jovem, prova de que (felizmente!) essa tradição terá continuidade. Na frente os pavilhões de Parelhas e do Rio Grande do Norte eram empunhados por verdadeiras autoridades, enquanto em um mini trio elétrico, sanfoneiros se revezavam nos toques. Desfile bonito de se ver.


Assim é a festa de São Sebastião de Parelhas, cheia de tradição, cultura e um forte envolvimento popular. Conheci a festa em 2001 e sou testemunha de que ela só cresceu. Continua bela, preservando seus aspectos mais genuínos, respeitando a tradição. No domingo voltei para casa, mas com profunda vontade de ficar, bem hospedado que fui na Fazenda Espírito Santo. Próximo fim de semana é o ponto alto da festa. Quem sabe eu não volto...


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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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