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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Desastres no cotidiano


Rua Afonso Campos, na "boquinha" da Feira (Google)

Trilhando um caminho rumo à feira central, nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, diversas pessoas invadiam as calçadas da Rua Afonso Campos, muitos se dirigindo a este tradicional Mercado Central, marco de Campina Grande, ponto comercial que não para. Seu movimento sublime se dá aos sábados, onde recebe em seu seio, agricultores e comerciantes de todo o compartimento da Borborema que ali comercializam seus produtos. Já não faz muito tempo, alguns anos se passaram, o ponteiro havia chegado das nove horas e, de repente, um estrondo acompanhado de muita poeira. Ao olhar para trás, um transeunte vê a marquise de um açougue completamente desfigurada. Destroços ao chão... em meio aos gritos, quatro homens, uma mulher e sua filha (de apenas cinco anos) todos atingidos pelo desastre.


E o que foi que aconteceu? Caiu tudo! Tem alguém embaixo ainda? Tô ouvindo o choro de uma criança... Essas foram algumas das preocupações de momento. A mãe e sua filha foram deslocadas até o Hospital de Emergência e Trauma antes mesmo que o SAMU chegasse. Os quatro homens tiveram ferimentos leves e também foram encaminhados para a mesma casa de misericórdia, todos estão aparentemente bem. Segundo o corpo de bombeiros, uma máquina pesada (além da conta!) encimava a marquise, originando a tragédia. Bombeiros, médicos e enfermeiros do SAMU, polícia, defesa civil, curiosos, todos personagens, compondo o episódio que por algumas horas tumultuou o pacato cotidiano daquela Rua.


Passado o susto, a vida citadina segue com suas rotinas e particularidades. Feirantes, ali próximo, vendendo temperos, verduras, frutas, lojas populares de roupas e calçados, venda de cereais, tudo isso ali, na boquinha da feira.


O dia segue.


Entardecer... Damas, Correios e Ed. Lucas - Campina Grande-PB

À tardinha, uma fina cortina de chuva molha o céu da Rainha da Borborema. Há tempos não víamos colinas e alto de prédios encobertos pela cerração. É sexta-feira, o cheiro de terra, de chão molhado perfaz o ambiente, acalentando aquela sensação de calor das últimas semanas. Aliás, como têm sido quentes esses longos dias... Quanto às noites, famosamente agradáveis no alto da serra, não vinham condizendo com a normalidade. Algumas noites o termômetro acusou 30º.

Desce a noite e durante a madrugada: mais chuva. Não aquele temporal, um “chuvisco”, que alternava em engrossar e afinar, de maneira contínua.


Amanhece o dia, já é sábado, eis que ocorre outro desabamento, e na mesma rua. Desta vez, uma parte do reboco da marquise do 4º andar do prédio da prefeitura caiu. Normalmente, a calçada do antigo Grande Hotel (onde hoje estão as finanças e a administração da Prefeitura), é tomada por uma série de pessoas. São servidores públicos, contribuintes, cobradores, assessores, pedintes e pessoas que vão para a zona leste da cidade, pegando o ônibus na parada, cujo abrigo é naquela calçada, movimento que está em sintonia com o expediente comercial. No sábado não existe ninguém ali além dos olhares curiosos do vigia de plantão, contemplando o mundo por uma fresta da porta entreaberta. Graças a Deus era sábado! Ninguém foi atingido. Fosse um dia de semana, muita gente poderia ter sido vitimada.


Renasce, então, a preocupação com as marquises das lojas centrais. Vão até mais além: vem à tona a preocupação com o estado do prédio na Rua João Suassuna, de 14 pavimentos, que está há décadas abandonado, de estrutura incompleta. O noticiário avisa que o Secretário de Obras esteve em diligência, afirmando inclusive que vai fazer uma intervenção neste prédio, que está com a estrutura comprometida. Outras marquises também serão averiguadas. Até alguns vereadores bradam afirmando que as marquises devem ser averiguadas, e tudo não passa disso.


Dias passam e a preocupação, ora latente, se dilui. A chuva continua a cair, no seu tamborilar, como faz tempo que não chove assim em Campina. Vivenciando grande seca, todos passam a agradecer aos céus o líquido precioso, os canteiros e jardins são tomados pelas flores campestres Jitirana e Xanana, uma roxinha, outra branca. Os dias passam, a vida segue, até sermos lembrados do problema, talvez, por um próximo desabamento, desastres no cotidiano. Já é sábado novamente, um mês se passou, a Feira Central e o seu multicolorido de frutas e verduras embelezam o tempo e faz diluir aquela preocupação.


Se aproxima o período junino, dias de festa! Até o cotidiano ser rompido por mais um desastre...


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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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