O Município de Soledade está localizado no agreste paraibano, mais precisamente na microrregião do Curimataú Ocidental, limitando-se com Seridó ao norte, Juazeirinho e Gurjão à oeste, Boa Vista à sul, Pocinhos à leste e Olivedos à nordeste. Está ligado umbilicalmente aos Cariris Velhos, ao Cariri histórico. Há uma certa identidade, não só nos sítios e fazendas como também na cidade que garante essa ligação, uma pertença antiquíssima, embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) venha ao longo dos tempos insistindo em mudar a nomenclatura das regiões, hoje o lugar pertence oficialmente à “região geográfica imediata de Campina Grande”. Seu clima é tropical de caatinga, com temperaturas máximas de 36º C e mínimas de 22º C; o seu inverno tem início em março e finda-se em julho.
Primitivamente, Soledade foi chamada de Malhada Vermelha (pela riqueza argilosa do solo), por Malhada das Vacas e também ganhou a denominação de Malhada das Areias Brancas (nome mais corriqueiro), secção de uma fazenda adquirida pelo português João Gouveia de Souza, situado em uma das terras do Riacho do Padre. Os netos do Sr. João, (filhos do genro deste) José Alves de Miranda e José de Gouveia e Souza, doaram uma sorte de terra para a construção de uma capela, mas a primeira construção do local foi um cemitério erguido pelo missionário Pe. Ibiapina, na encruzilhada d’um caminho entre Boa Vista, Gurjão, São Francisco (Olivedos), Pocinhos e a sede da fazenda Espírito Santo. Era um lugar por demais deserto e extremamente estéril, uma rede de antigos caminhos povoado por cruzes de madeira, testemunhas de onde se abriam as covas rasas para sepultar as vítimas do segundo surto de cólera-morbo que assolou a Paraíba em meados do século XIX, mais precisamente entre 1861 e 1864. Uma década antes, o primeiro surto de cólera teria esgotado os espaços do cemitério de São Francisco (Olivedos), único existente na região.
Logo, este local desolado estava cheio de pessoas que, vindo trazer seus mortos para sepultar, descobriam ter contraído a doença e não tinham mais forças para voltar. Outros, só chegavam, enterravam os seus e fugiam daquele lugar que cheirava a morte e a desgraça. Por fim, havia os que, tendo depositado naquele sítio os restos mortais de toda sua família, não queriam ir embora por não possuir mais nada no mundo. Foi, talvez, a pensar nestes desgraçados, que Padre Ibiapina deu a este lúgubre lugar o triste nome de Solidão, termo que não vingou, depois mudando para Soledade. Embora Inocêncio Nóbrega em seu livro ‘Malhada das Areias Brancas’(1974) afirme ser impreciso o momento fundante de Soledade dada a outras versões como a construção do antigo açude de Santana, Irineu Pinto em seu ‘Datas e Notas para a História da Paraíba’(1916) é enfático ao mencionar os coléricos e a criação do campo santo.
Uma pequena capela foi erigida sobre a cova rasa de Ana de Farias Castro. Com frontispício barroco, teve a sua primeira missa por Manoel Ubaldo da Costa Ramos, o Pe. Neco de São João do Cariri, foi a missa do Natal. Dali ele seguiu em um burrico e pequena comitiva para a “povoação de São Francisco” para celebrar a missa do Galo. A capelinha deu lugar a uma maior pelo missionário Ibiapina e hoje é a Igreja Matriz. Em torno deste templo surgiu e cresceu a povoação que anos adiante (1885) foi elevada à categoria de vila. O início da fundação da vila se deu em 1872, quando Manuel Maria, descendente dos primeiros colonizadores, ergueu a primeira casa de taipa. Soledade já foi sede do município de Ibiapinópolis (nome dado em homenagem ao Padre Ibiapina) que compreendia além de Soledade os atuais municípios de Olivedos, Seridó, Juazeirinho.
Hoje, Soledade conta com uma boa infra-estrutura urbana, seu epicentro é também o principal portal para o sertão, a BR 230, que vai de Cabedelo até os confins amazônicos. A cidade é detentora de um belíssimo patrimônio arquitetônico, seus prédios históricos vão desde o antigo mercado à estação de trem. Quem está indo para o sertão não pode deixar de visitar Soledade, uma das mais belas cidades do interior paraibano.